De facto, é bastante agradável verificar que, ao longo destes quase 16 anos que pertenço a esta magnificiente agremiação, a Banda tem vindo a sofrer modificações que a levam a bom porto. No entanto, e como em todo o lado, há sempre quem resista à modernização, diga não àquilo que não compreende ou recuse a emancipação da juventude, isto porque esta teve outra escola, incentivadora, acolhedora, responsabilizadora e, enfim, jovem, ao passo que aqueles aprenderam o pouco que sabem de música num tempo difícil, obscuro, sem incentivo. Certamente, quem entrava nessa altura para a banda tinha como principal intenção desligar-se da labuta cansativa do dia-a-dia nas terras para conseguir, ao Domingo, levar à boca comida um pouco melhor que a semanal, não falando do néctar dos deuses!
Tive o previlégio de conhecer, bom, três fases da nossa Escola de Música: em 1984, com o saudoso Maestro Joaquim Pleno, que, no alto dos seus 76 anos de vida, enpregava um ensino pouco pedagógico, embora obtendo alguns resultados (eu não consegui seguir em frente, não obstante os protestos do meu irmão); em 1990, com o nosso estimado Maestro Manuel Pleno, uma escola diferente, empregando actividades que, até aí, desconhecia completamente. Entrei na banda nesta fase de inicialização de uma nova era da Banda, liderada portanto pelo nosso actual regente. A terceira fase da Escola considero-a a partir de 1996, aquando da minha entrada para o seu grupo de coordenação, embora surjam resultados após 2001, depois da nossa Ana Goretti iniciar o seu trabalho com os mais pequenos na Iniciação Musical.
Entendo que se nota, então, uma modernização da Instituição, que passa, indubitavelmente, pela sua Escola de Música. É, para mim, motivo de satisfação, e até de orgulho, verificar que a esmagadora maioria dos elementos da banda ingressados após 1996 demonstra vontade de trabalhar e AMA a sua Filarmónica (por isso somos AMADORES!). É claro que há outra porção, ingressada antes daquele ano, que demonstra o mesmo, mas... aqueles são especiais, pois também pude ensinar-lhes aquilo que sabia!
Parabéns a todos esses lutadores, e que permaneçam sempre no seio da Grandiosa Filarmónica Pampilhosense! Para os que não lutam, um aviso: retirem-se desta guerra antes que seja tarde demais! Ninguém anda cá por obrigação!
Para terminar, e
a pedido de várias famílias, eis umas linhas poéticas sobre a festa da Junça, cujo autor devem adivinhar:
"Saímos da Pampilhosa
P'ra esta terra famosa
Na qual nos sentimos bem
Erva que se tira e fica
Intitulada... maldita
E, se bebe, cresce bem!
O beber é meio sustento
Não é preciso comer
Se o fizer sem estar atento
Pode ficar a torcer!
Os rufos ultimamente
Deixam muito a desejar
É moléstia certamente
Que pensa por lá ficar.
Os olhos semi-cerrados
Indicam como ele está
Escondem atrofiados
O vinho que por lá há!
Quando faltam os vaidosos
Temos sempre solução
Sentimo-nos orgulhosos
Se o ter na percussão!
É pequeno na estatura
Mas mostra que tem valor
Sabe ler a partitura
Nunca se arma em senhor!
É altura p'ra dizer
Que não é o tapa-furos
Sabe o que está a fazer
Sentimo-nos mais seguros!
Os saxes estão tremidos
São postos à prova de bala
Quando se vêem perdidos
Saiem p'rá rua ressacá-la!
Da missa quero uma cópia
Para estudar à vontade
Eis que lhe dá a sercópia
Fez isto só por maldade!
Correu tudo muito bem
Foi com muito entusiasmo
As mulheres e nós também
Sairam-se do marasmo!
Nós tocamos do caraças
Temos alma e coração
Bebemos por cabaças
por copos e garrafão!
Motorista competente
Guia-nos com perfeição
Faz parte da nossa gente
Tem a nossa gratidão.
O Maestro que cá temos
É por todos estimado
Muito lhe agradecemos
O seu esforço redobrado.
Esta banda é já famosa
Não se conhece outra igual
É da nossa Pampilhosa
A melhor de Portugal!"
(SP)